[FP] NORWICH, Barbara S.

Eu era uma das pessoas infectadas com o vírus. Meu pais sabiam disso. Eles tinham medo de mim. Medo de serem contagiados como eu. Bem, parece que eles eram diferentes, pois não tiveram o mesmo triste destino que eu tive.
Naquele dia, eu estava sendo mandada para um colégio onde as pessoas com o vírus seriam mortas. Dizimadas. Meus pais não estavam comigo. Não estavam chorando. Eu não gosto de admitir, mas isso me deixa realmente triste. É horrível saber que seus pais são preconceituosos o suficiente para rejeitarem uma filha que pegou um vírus. Um vírus perigoso, mas ainda assim...
Tudo aconteceu mais rápido do que eu gostaria. Em um instante, eu estava em uma sala de aula, esperando pela minha morte, em outro, um clarão ofuscava a minha visão, me deixando tonta e desnorteada. A fumaça escura e tóxica, provavelmente um gás, entrou pelas frestas da porta, infestando minhas narinas com a podridão. Eu sabia que deveria morrer ali, mas não estava dando certo. Eu não me sentia mal a ponto de morrer.
Abri a porta da sala, ainda inebriada no gás radioativo, me expondo a ainda mais quantidade do mesmo. Estava um caos lá fora. Todo mundo estava saindo, gritando, caindo, tropeçando. Eu tinha que sair da escola. Se não morresse com o gás, eu teria  que morrer em algum outro lugar. Saí correndo o mais rápido que pude, até cair dentro de um buraco no bosque.
Provavelmente eu havia ficado apagada no buraco por uns dois dias. Acordei com o som das folhas secas se quebrando. De repente, um corpo alto tapou o sol a minha frente. Era um homem de terno. Do governo. Eu não fiz nada, apenas fiquei olhando-o fixamente.
- Senhor, mais uma sobrevivente. - Ele disse em uma espécie de Walkie-Talkie. - Estamos levando-a nesse momento.
No mesmo momento, comecei a me debater debilmente no buraco, grunhindo coisas sem sentido, como se eu fosse louca. Na verdade, acho que era apenas efeito tardio do gás.