[p/p] - Noctis D'egraz-Winchtöski

Noctis D'egraz-Winchtöski

São raros os momentos em que se vêem um sorriso adornando os lábios do primogênito. Nasceu da seriedade e manteve-se nela ao longo dos anos em que vive. Da mesma maneira de que foi dito a primeira frase, raramente demonstra emoções, das quais que não sejam negativas. Como legítimo escorpiano a quem entende destes assuntos astrais, reservado é a melhor palavra, depois de obsessivo, para descrevê-lo. As palavras ditas no tom rouco são sarcásticas, perceptivelmente; não há momento ruim para fazer uma piada de mal gosto para ele. Devido ao TEI (transtorno explosivo intermitente) que o segue desde da menoridade, o pavio possui milímetros de comprimento. Infelizmente, a fúria recorrente sempre recai sobre as faces de inocentes, ou não, depende da circunstância. A irritabilidade é de natureza.




Meu aniversário sempre foi no décimo oitavo dia do mês de novembro. Nasci há exatos vinte anos atrás para a desgraça de todos os que me rodeavam. Odiei-me no primeiro instante em que soube não era mais o único no mundo. Grr, como esse ódio todo se transformou em tanta raiva? Por deuses que não creio em nem um sequer, os punhos tremem tanto. Como parar se não socar paredes? Destroçá-las, e vidas, é tudo o que me resta.

“Tanto faz”. A repetição destas duas palavras foram as minhas únicas respostas a qualquer perguntavam que me fizessem.

Humanos são tão irritantes, não?

Se não houvesse algemas me prendendo à cadeira, postas após a primeira tentativa de agressão contra àqueles que interrogavam, já teria matado ao menos um.

Não tenho aversão da morte. Nunca tive. Lembro sinuosamente do sorriso cômico, que tomou meus beiços infantis, quando me fui impulsionado pelo sadismo. Além da sensação prazerosa, mesmo de que na época eu não soubesse do que se tratava a palavra “prazer” e de que modos ela pode surgir aos cínicos. Ao assistir a consequência e resultado, mostrados por intermédio de inúmeros roxos e escapes de soturno, o gargalho foi inevitável.

Eu sou doente. Eu sei.

Não me vem à memória a data do primeiro surto. Minha mãe, antes de vir a perecer nas mãos e no selo da Senhora Morte, provavelmente diria que foi nos tempos de pós-nascimento. Berros e birras.

Como dito, ela morreu, sim. Eu deveria ter uns 3-4 anos quando aconteceu. Nem fotos tenho para vislumbrar seu rosto. O senhor Winchtöski, o tal do “meu pai”, preferia não falar sobre a mesma. Andava atrás dele, para quaisquer lugares que partisse e independente do horário.

No final, ganhei sete irmãos. Só dividia uma metade da genética com os mesmos, já que eram filhos de outras mulheres.  

Nunca soube nada a respeito destas “outras”.

Fui criado junto dos mesmos – os irmãos -, em um lugar isolado. Em uma fazenda, sabe-se lá onde, para ser exato.  

Morar com eles me trouxe a este lugar.

Se não fosse por obra do animal do Caleb Björk-Winchtöski e seus problemas mentais, certamente o mais crítico dentre todos os oitos bastardos, possivelmente, agora, eu estaria fazendo qualquer merda, que não fosse estar de fronte a outros bastardos.

Não tardou para o resto da sociedade saber onde me escondia, assim com os outros.

Relutei com o que tinha de forças para me salvaguardar. Todavia, gastei-as em vão como percebem.

E hoje, estou aqui, me contendo. Ou melhor, sendo contido para socar umas caras.